Dia da Visibilidade Trans: entrevista com Deborah Sabará

“Sempre digo que entre as letras LGBT a população T sofre o maior tipo de estigma e, assim vive uma completa vulnerabilidade”

No dia 29 de janeiro foi celebrado o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais. Em alusão ao dia, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) está divulgando entrevistas com travestis e transexuais que abordam a importância dessa data.

Criada em 2004 pelo Ministério da Saúde, o Dia da Visibilidade Trans surgiu com o movimento de travestis e transexuais do Brasil. Na época, o ministério lançou a campanha “Travesti e Respeito” em reconhecimento à dignidade dessa população. Ainda hoje, a população brasileira de travestis e transexuais tem grande dificuldade no acesso à educação, ao trabalho e à saúde, assim como sofre violência e é desrespeitada de forma contumaz.

Confira a entrevista com Deborah Sabará, presidente do Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold) do Espirito Santo.


1. Qual a importância desse dia da visibilidade para a luta pelos direitos humanos das pessoas trans?

Deborah Sabará – O dia de visibilidade é de suma importância para nossa população. Podemos, já de início, dizer que não se trata do “dia de comemoração Trans”, não se trata do “dia das Trans”, e sim do  dia da visibilidade Trans.

Dar visibilidade a uma população invisível, desconhecida e marginalizada por esta sociedade, precisamos trabalhar além da visibilidade, principalmente a autoestima nesta população e seu empoderamento: “Eu sou, eu tenho direitos, eu posso”. Sempre digo que entre as letras LGBT a população T sofre o maior tipo de estigma e, assim vive uma completa vulnerabilidade. Isso tudo tem início na família, na escola, na comunidade, na falta de acesso à saúde e assistência.

 

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2. Qual são os maiores desafios na luta pelo reconhecimento dos direitos das pessoas trans?

Deborah Sabará – Sem dúvidas é criar políticas no Brasil que atendam nossa população trans na área social, de saúde e educação, trabalho e geração de renda. Já temos algumas coisas importantes, mas é sabido que no Brasil tudo e muito difícil de ser implementadas. Um exemplo é o nome social no cartão do SUS, fruto de uma portaria de 2009 mas que até hoje muitxs trans têm dificuldades em adquirir. Estamos passando por um momento de estagnação na política para a população trans, precisamos nos renovar e criar ações afirmativas, como campanhas de massa.

3. Como a Psicologia pode, na sua visão, participar ainda mais nessa luta?

Deborah Sabará – É preciso lembrar que o Conselho já está nesta luta há décadas, e que vem travando junto com o movimento LGBT uma parceria na luta pelos direitos humanos em sua plenitude. A participação de cada um(a) nesta luta reanima, em  mim e em centenas de mulheres e homens trans deste brasil, uma força que é preciso sempre para estancar a transfobia.

 4. Qual a importância de campanhas como essa de um Conselho profissional?

Deborah Sabará – Temos uma visão que o psicólogo só está em consultórios fazendo atendimentos, mas está errado. Temos uma boa parte de psicólogos (as) fazendo políticas públicas. Quando uma entidade de classe como esta entende e se sensibiliza com nossa causa, temos a certeza de que lá na ponta, onde nós não conseguimos, chegar um(a) psicólogo (a) estará na defesa dos diretos da pessoas trans.

“A despatologização das transexualidades e travestilidades pelo olhar da Psicologia”

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou também no dia 29 de janeiro em celebração do Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, mais um vídeo da série “A despatologização das transexualidades e travestilidades pelo olhar da Psicologia”.

Confira: